31 de outubro de 2014

Virar a chave

Estafa. É assim que ando. Tô com aquilo que chamam de cansaço mental. Cansada da monotonia, da rotina. Estafada lembra estufada que quase quer dizer a mesma coisa no meu caso. Cada um tem a sua maneira, aquele jeitinho de levar, encarar, viver os desafios do trabalho e da vida pessoal. Aquele jeitinho de esconder a paixão, de ter que saber não demonstrar o que está sentindo para não magoar e/ou decepcionar alguém, de andar sempre na linha. Cansei. Estafei.

Somos bilhões no mundo e cada um - cada um - é de um jeito. Jamais teremos duas pessoas iguais, nem mesmo os gêmeos mais univitelinos do Universo são, aliás, estes geralmente são os mais diferentes. Se é assim que é, como alguém vai querer que a gente seja igual a ela só porque ela acha 'certo'? Como concordar com ações que vão além dos meus princípios (eu disse meus princípios)? Minha personalidade não aceita algumas coisas e pode me chamar de cabeça dura, teimosa o que for, mas não admito ter que fazer algo que não quero e não admito ter medo de dizer isso.

Estafa. Cansei de, mais uma vez na minha vida, guardar certas coisas, de não fazer outras tantas. Não cansei de falar o que penso e sinto e não cansei de fazer muitas outras, mas ainda tem mais, muito mais e a estafa não me permite, neste momento da minha vida, realizá-las. Para quem acredita na tal 'crise dos X anos', penso que pode ser um pouco disso também e digo mais: se realmente for, o bicho é complicado.

Difícil eu escrever meus textos na primeira pessoa, mas a estafa me permitiu fazer isto. Me permitir. Escrevi um texto em 2011 e que é tão atual. Ele é curto, simples e vale a citação.


Permita sentir. Permita que a emoção fale um pouquinho mais alto que a razão. 
Permita fazer aquilo que vem em primeiro lugar na mente, a vontade própria. 
Permita realizar o desejo, o seu desejo.
 Permita curtir cada segundo de um olhar, um momento, momento. 
Permita sentir aquilo que está ali na sua frente, ao seu lado. 
Permita que a dúvida saia sem dar satisfação e não permita que ela volte. 
Permita viver aquilo que sempre teve curiosidade, mas ainda não havia aparecido a oportunidade. 
Permita ser o que você é.
Permita que a sua essência seja apreciada.
Permita. Permita que tudo isso chegue em você para ficar pelo tempo que for.

Mas para isso, você precisa - apenas de uma coisa - se permitir.

Sabe o que é mais curioso? Este texto foi escrito no dia 31 de outubro de 2011. Há 3 anos 'eu falei pra mim mesma': permita-se.Te permite viver, fazer, sentir o que quiser, do jeito que achas que tem que ser. Faz. Se tiver que quebrar a cara, quebra, mas pelo menos tu fez, Carol. A vida vai dando sinais de quando é hora de parar, de começar, de arriscar, de tentar a sorte. A minha estafa é um desses tantos sinais que a vida me deu até então.



A tal crise dos X anos pode até tentar chegar, mas me derrubar, vai ser difícil. Ela pode até estar mexendo comigo, de forma positiva/negativa, porém tento tirar disto as coisas que são para o nosso bem, mesmo as mais doloridas. Se alguém sai da tua vida é para outra ainda melhor chegar. Se um ciclo encerra, outra ainda melhor começa.

Estafa. Que bom que chegastes, estás fazendo uma bagunça danada na minha vida (em to-dos os sentidos) e é aí que, de novo, algo surge pra dar aquela virada de chave, de vida, de destino. Ao virar essa chave, viro a de muita gente ao meu redor. Resta saber se elas é que ficarão com a minha estafa quando assim eu a fizer. Girar a minha chave. Me permitir.